Mecânico tem direito a insalubridade? Confirme aqui se você pode receber!

Publicado em out 31, 2024
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Escrito por Allan

Trabalha em uma oficina e quer saber se mecânico tem direito a insalubridade?

Lidar com óleo, graxa e produtos químicos pode te dar esse direito.

No entanto, nem sempre é fácil saber quando ele se aplica.

Aqui, eu vou mostrar em quais situações você pode receber o adicional de insalubridade e como garantir esse benefício.

Vamos para o Guia? 👇

1 – Entenda O Adicional De Insalubridade Para Mecânicos

O adicional de insalubridade é um valor extra pago para quem trabalha em condições que podem prejudicar a saúde.

Esse direito está garantido no artigo 189 da CLT. Já a NR-15 detalha os casos em que ele se aplica.

Alguns exemplos comuns incluem:

  • Exposição a produtos químicos, como óleo e graxa;
  • Trabalhar em ambientes com ruídos altos ou temperaturas extremas;
  • Contato com agentes biológicos ou outras condições prejudiciais.

Para mecânicos, o contato constante com óleo, graxa e outros produtos pode configurar a insalubridade.

🚨 Atenção:
Nem todo contato com essas condições garante o adicional!

Para que o direito seja válido, é necessário:

  • Exposição frequente;
  • Níveis comprovadamente nocivos à saúde.

2 – Quando O Mecânico Tem Direito À Insalubridade?

O mecânico tem direito a insalubridade quando está exposto, de forma frequente e contínua, a condições prejudiciais à saúde.

Geralmente, mecânico recebe insalubridade por manuseio de óleo e graxa.

A NR-15, norma que regula condições insalubres, determina que o adicional é devido quando a exposição ultrapassa os limites aceitáveis para a saúde.

💡 Para mecânicos, isso geralmente envolve:

  • Trabalhar diretamente com óleo e graxa;
  • Inalar vapores de combustíveis como diesel e gasolina;
  • Utilizar produtos químicos de limpeza em ambientes pouco ventilados.

Nem todo contato com óleo e graxa garante o adicional!

Para ter esse direito, a exposição precisa ser intensa e contínua.

Além de ser necessário um contato constante, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) pode neutralizar esse direito.

Por exemplo, luvas de proteção, cremes que formam uma barreira na pele e até máscaras, quando usados corretamente, reduzem o impacto dos hidrocarbonetos no organismo.

Se o empregador fornece e exige o uso desses EPIs, o adicional pode não ser devido.

⚙️Se você lida diariamente com produtos químicos e não recebe o adicional, siga este passo a passo:

  1. Analise sua rotina: pergunte-se: eu trabalho constantemente com produtos químicos ou em condições insalubres?
  2. Verifique a proteção disponível: a empresa oferece EPIs como luvas e máscaras? Se não, você pode ter mais chances de reivindicar o adicional.
  3. Reúna provas: tire fotos do ambiente, grave vídeos e guarde documentos que comprovem o contato com agentes nocivos.
  4. Consulte especialistas: converse com um advogado de confiança ou com o sindicato para entender seus direitos e os próximos passos.

✍️ Resumindo para quem tem pressa:

1️⃣ As condições para ter direito ao adicional são: contato frequente com produtos químicos, falta de EPIs e exposição intensa.

2️⃣ O que fazer: analise sua rotina, verifique a proteção disponível, registre provas e busque orientação especializada.

💡O que são Hidrocarbonetos?

Hidrocarbonetos são compostos químicos encontrados em substâncias como:

  • Óleo diesel e gasolina;
  • Óleos lubrificantes;
  • Graxa;
  • Produtos de limpeza automotiva.

Esses produtos ajudam a manter motores e equipamentos funcionando, mas, ao entrarem em contato constante com a pele ou serem inalados, podem causar danos à saúde.

➡️ Exemplos no dia a dia do mecânico:

  • Óleo lubrificante: reduz o atrito entre peças do motor.
  • Graxa: Protege rolamentos e outras partes móveis do desgaste.
  • Diesel e gasolina: vapores podem ser inalados ao trabalhar próximo de escapamentos.
  • Fluidos de limpeza: muitos produtos contêm compostos químicos prejudiciais ao contato prolongado.

3 – Mecânico Recebe Insalubridade Ou Periculosidade?

Mecânicos podem ter direito ao adicional de insalubridade, de periculosidade ou, em casos específicos, a um dos dois, dependendo das condições de trabalho.

Segundo a CLT, esses adicionais têm diferenças claras:

  • Insalubridade (art. 189): É concedida quando o trabalhador está exposto a condições que prejudicam a saúde, como produtos químicos, ruídos ou calor extremo.
  • Periculosidade (art. 193): É destinada a quem lida com riscos iminentes de acidente grave ou morte, como combustíveis, explosivos ou eletricidade.

Insalubridade e periculosidade são adicionais pagos por situações de risco, mas cada um tem um objetivo diferente.

A escolha entre os adicionais deve considerar qual deles se aplica de forma mais vantajosa, já que não é permitido acumular ambos simultaneamente.

⚠️ Adicional de insalubridade

O adicional de insalubridade é garantido quando há exposição contínua e acima dos limites tolerados a agentes nocivos.

Para mecânicos, isso pode incluir:

  • Contato frequente com óleo, graxa e outros hidrocarbonetos;
  • Exposição a ruídos excessivos ou calor intenso;
  • Manuseio de produtos químicos sem proteção adequada.

O valor do adicional de insalubridade é calculado com base no salário mínimo nacional, dependendo do grau de exposição:

  • 10% do salário mínimo: insalubridade mínima.
  • 20% do salário mínimo: insalubridade média.

40% do salário mínimo: insalubridade máxima.

🔥 Adicional de periculosidade

O adicional de periculosidade é devido quando o trabalhador está exposto a situações que podem causar acidentes graves ou fatais.

Para mecânicos, os casos mais comuns incluem:

  • Trabalhar próximo a tanques ou depósitos de combustíveis (diesel, gasolina);
  • Exposição a inflamáveis ou explosivos em quantidade significativa;
  • Atuação em áreas com risco de choque elétrico, como oficinas que realizam manutenção de veículos elétricos.

O valor do adicional de periculosidade é calculado com base em 30% do salário base do trabalhador, conforme determinado pela CLT.

Qual Adicional É Mais Vantajoso?

A vantagem financeira entre insalubridade e periculosidade depende do grau de insalubridade e do salário base do trabalhador.

  • O adicional de insalubridade é calculado com base no salário mínimo nacional.
  • O adicional de periculosidade é calculado como 30% do salário base do trabalhador.

Para trabalhadores que recebem 1 salário mínimo (R$ 1.412,00), o adicional de insalubridade em grau máximo é geralmente mais vantajoso.

Para salários superiores ao mínimo, o adicional de periculosidade tende a ser a melhor escolha, já que é proporcional ao salário base.

Vamos ver alguns exemplos para isso ficar mais claro.

💡 Exemplo 1:

Trabalhador que ganha 1 salário mínimo (R$ 1.412,00 em 2024).

  • Insalubridade mínima (10% do salário mínimo): R$ 141,20.
  • Insalubridade média (20% do salário mínimo): R$ 282,40.
  • Insalubridade máxima (40% do salário mínimo): R$ 564,80.
  • Periculosidade (30% do salário base): R$ 423,60.

➡️ Neste caso, o adicional de insalubridade em grau máximo (R$ 564,80) é mais vantajoso que o adicional de periculosidade (R$ 423,60).

💡 Exemplo 2:

Trabalhador com salário base de R$ 2.000,00.

  • Insalubridade mínima (10% do salário mínimo): R$ 141,20.
  • Insalubridade média (20% do salário mínimo): R$ 282,40.
  • Insalubridade máxima (40% do salário mínimo): R$ 564,80.
  • Periculosidade (30% do salário base): R$ 600,00.

➡️ Aqui, o adicional de periculosidade (R$ 600,00) é mais vantajoso que qualquer grau de insalubridade.

💡 Exemplo 3:

Trabalhador com salário base de R$ 3.000,00.

  • Insalubridade mínima (10% do salário mínimo): R$ 141,20.
  • Insalubridade média (20% do salário mínimo): R$ 282,40.
  • Insalubridade máxima (40% do salário mínimo): R$ 564,80.
  • Periculosidade (30% do salário base): R$ 900,00.

➡️ Com um salário base mais alto, o adicional de periculosidade (R$ 900,00) supera ainda mais o de insalubridade, mesmo no grau máximo (R$ 564,80).

🚨 Importante:

Não é possível acumular os dois adicionais.

Se a função inclui riscos à saúde e à vida, o trabalhador precisa escolher entre insalubridade e periculosidade, optando geralmente pelo adicional de periculosidade.

4 – Valores Do Adicional De Insalubridade Para Mecânicos

Se você trabalha em condições insalubres, tem direito ao adicional de insalubridade.

Esse adicional varia conforme o risco à sua saúde: quanto maior o risco, maior o valor.

💡 Como é calculado o percentual de insalubridade?

O adicional de insalubridade é pago em três níveis, definidos pela NR-15 da CLT:

  • Grau máximo (40%): conforme os Anexos 11 e 13 da NR-15, esse percentual é devido em situações de alto risco, como exposição a produtos altamente tóxicos ou cancerígenos, principalmente em locais sem ventilação adequada.
  • Grau médio (20%): aplicado em exposições moderadas, como contato frequente com agentes nocivos, mas controláveis com o uso de EPIs adequados.

Grau mínimo (10%): para situações de baixo risco, onde o contato com substâncias químicas é leve e esporádico.

Os percentuais do adicional de insalubridade são aplicados sobre o salário mínimo e não sobre o seu salário base.

Vamos ver alguns exemplos?

💡 Exemplo 1 (grau máximo de insalubridade)

trabalha como mecânico em uma oficina de motos no interior do Ceará.

Ele lida diariamente com produtos altamente tóxicos, como fluídos de freio e solventes químicos.

A oficina é mal ventilada, o que agrava sua exposição a esses agentes.

Conforme o Anexo 13 da NR-15, Zé pode ter direito ao adicional de insalubridade em grau máximo (40%).

Afinal, a exposição a hidrocarbonetos e outras substâncias cancerígenas oferece alto risco respiratório e de contato.

💡 Exemplo 2 (grau médio de insalubridade)

Carlos é mecânico em uma grande concessionária e lida com óleo de motor, graxa, gasolina e diesel.

A oficina é bem ventilada e ele recebe EPIs, como luvas e cremes de proteção.

Mesmo com os EPIs, o contato constante com esses produtos químicos representa um risco.

Segundo o Anexo 11 da NR-15, ele pode receber o adicional de grau médio (20%), já que a exposição é contínua e requer proteção rigorosa.

💡 Exemplo 3 (grau mínimo de insalubridade)

João trabalha em uma oficina menor, realizando pequenos reparos em automóveis.

Ele manipula óleo e graxa em pequenas quantidades e com pouca frequência, em áreas bem ventiladas.

De acordo com o Anexo 11 da NR-15, o direito ao adicional de insalubridade de grau mínimo (10%) se aplica a exposições leves e esporádicas, como no caso de João, onde o risco é considerado baixo.

🚨 Atenção:

Se a empresa fornece os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) corretamente e você os utiliza de acordo com as normas, o direito ao adicional pode ser eliminado.

A NR-15 descreve que o uso correto de EPIs reduz os riscos para níveis seguros, podendo neutralizar o adicional​.

5 – Como O Mecânico Pode Reivindicar O Adicional De Insalubridade

Viu que pode receber insalubridade, mas a empresa não está pagando?

Siga estes 6 passos:

  1. Confirmar se você realmente tem direito ao adicional de insalubridade;
  2. Juntar todos os documentos que comprovam a atividade insalubre;
  3. Tentar resolver a situação de maneira amigável;
  4. Decidir se vai processar a empresa ou não;
  5. Consultar o seu advogado sobre o caso;
  6. Entrar com uma Ação por não receber o adicional de insalubridade.

Vamos entender melhor a seguir.

Será Que Você Realmente Tem Esse Direito?

Antes de tudo, avalie se o seu ambiente de trabalho é insalubre de verdade.

Isso significa que a exposição a agentes nocivos (como óleo e graxa) precisa ser constante e sem proteção adequada.

Se não tiver certeza, você pode falar com alguém da segurança do trabalho ou até buscar uma avaliação com um profissional.

O que eu recomendo:

Procure no Jusbrasil o nome da sua empresa. Pode ser que outros funcionários já tenham entrado com um processo parecido.

Outra coisa que você pode fazer é pedir cópia do PGR ou PPRA para a empresa e se aventurar na leitura.

Dependendo do que encontrar, pode te dar um direcionamento melhor.

Mas independente de ter certeza ou não, vale a pena começar a reunir documentos e provas.

Juntando Provas

Guarde tudo o que possa provar que você está exposto a esses riscos diariamente.

Fotos, vídeos, cópia de descrições da sua função, laudos técnicos, tudo isso ajuda a comprovar a insalubridade do seu ambiente.

Esse material será essencial caso você precise mostrar ao empregador (ou até na Justiça) o risco ao qual está exposto.

Sim, ter provas vai te ajudar tanto a negociar, como em um processo judicial.

E o mais importante: não fale com seu patrão, antes de ter reunido provas – corre o risco de ele te demitir.

Tente Resolver Amigavelmente

Antes de partir para uma ação legal, tente conversar com o RH ou o responsável pela segurança do trabalho da empresa.

Leve o que você já reuniu, explique sua situação e pergunte sobre o adicional de insalubridade.

Às vezes, uma conversa pode resolver mais rápido do que um processo.

Inclusive, você pode até mesmo mostrar este post para eles e falar sobre a NR-15 e seus anexos 11, 13 e 13A.

Vai Processar A Empresa?

Se a conversa amigável não der certo, a decisão de entrar ou não com uma ação é sua.

Avalie se essa é a melhor opção no seu caso e o que você espera de um processo.

Às vezes, a empresa pode reavaliar a situação após perceber que você está realmente decidido.

A maioria das pessoas espera ser demitido para cobrar isso na Justiça, mas você pode entrar com uma Ação ainda trabalhando.

Inclusive, pode pedir sua rescisão indireta e sair de lá com todos os direitos.

Converse Com Um Advogado Sobre O Caso

Para decidir o melhor caminho para o seu caso, conversar com um advogado é muito importante.

Um advogado trabalhista vai te ajudar a entender quais são as suas chances e o que você pode esperar.

Ele também vai orientar sobre o necessário para entrar com a ação e pedir o pagamento retroativo, se for o caso.

Na Justiça, você pode pedir o pagamento retroativo, ou seja, o valor do adicional que você deveria ter recebido pelos últimos cinco anos, caso seja comprovado que você estava exposto a condições insalubres.

Conclusão

Aqui você entendeu se o mecânico recebe insalubridade e em quais situações.

Além disso, te entreguei um verdadeiro passo a passo de como resolver sua situação, caso a empresa não esteja respeitando seus direitos.

Para garantir que você receba insalubridade, comece reunindo provas do seu ambiente de trabalho.

Esse cuidado pode fazer toda a diferença, seja em uma conversa amigável com a empresa ou em um processo judicial.

E lembre-se: o uso correto de EPIs pode neutralizar o adicional, então documentar todas as condições de trabalho é fundamental.

Em qualquer dúvida sobre os próximos passos, procure o sindicato ou um advogado trabalhista de confiança.

Allan Manoel

Allan Manoel

Criador do Guia do Empregado

Me chamo Allan, sou um dos sócios do MDN Advocacia, apaixonado pelo Direito do Trabalho e meu objetivo é trazer para você, informação confiável e gratuita.

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